A missa dos mortos (Peça Teatral)

Oi meninas, eu tinha um outro blog onde eu postava peças teatrais que eu escrevia e apresentava pras pessoas na minha cidade, então decidi começar a colocar os roteiros aqui, e irei começar por uma peça que fez muito sucesso, acho que foi um dos melhores roteiros que eu já escrevi.
A missa dos mortos é uma lenda das lendas mais tradicionais do Brasil e baseado nessa historia, escrevi o seguinte roteiro:

Narrador: A historia aqui encenada faz parte do folclore de Ouro Preto-MG e foi contada pela primeira vez por volta do seculo XIX, a partir de então foi passada de geração em geração e não há quem visite Ouro Preto que não escute esta historia da boca dos moradores mais antigos.
De todas as coisas capazes de arrepiar o cabelo, e que ouvi na minha infância ouro-pretana, nenhuma é tão tremenda como "a missa dos mortos" na igreja das Merces de cima, a igreja perto de cemitério. Conta a lenda que o Padre João Leite celebrava a missa todas as manhãs, mas numa sexta feira como era de costume ele estava pronto para começar a missa, e então chegaram  fieis cobertos por um manto preto, que lhes escondiam o rosto e todo o corpo.
(enquanto o narrador fala, os fiéis vão entrando)

Padre: O senhor esteja convosco.
Fieis: Ele está no meio de nós.
Padre: Em nome do pai, do filho e do espirito santo. Amém!
(Beata sentada no banco da frente olha para todos os lados, desconfiada)
Beata: Tem alguma coisa esquisita nessa missa hoje.
Padre: Eis o mistério da fé. Anuncio ó Senhor a vossa morte e proclamo a ressurreição.
Fieis: Vinde Senhor Jesus.
Padre: Orai irmãos e irmãs para que nossas oferendas sejam aceitas por Deus pai todo poderoso.
(Rezam o Pai Nosso)
Padre: Deus vós salve!
Fieis: Ele salvará!
Padre: O Senhor esteja convosco!
Fieis: Ele está no meio de nós.
Padre: Rezemos a Ave Maria.
(Todos rezam e no fim da reza a Beata grita apavorada e corre pra perto do padre, pois um dos fieis com o manto preto havia olhado para ela)
Beata: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA... Ai meu Deus do céu! Cruz credo.
Padre: O que aconteceu Beata?! Porque interrompe a missa deste jeito?!
Beata: Eu vi uma caveira.
Sacristão: A senhora esta ficando maluca, lé lé d cuca. Vamos até a sacristia tomar uma água, a senhora está muito nervosa.
(Beata e sacristão vao para a sacristia)
Beata: Eu não estou maluca não. Então me explica porque alguns fiéis estão com esse manto preto, que lhes cobre todo o corpo, inclusive o rosto?!
Sacristão: a senhora está ficando maluca e vou provar!
Beata: Como?!
Sacristão: vou buscar um dos fiéis de manto...
(O sacristão busca um dos fieis e retira-lhe o manto do rosto)
(Os dois assustados vão voltando para a igreja desesperados, fazendo o sinal da cruz e gritando cruz credo, socorro)
Padre: Parem de bobagem, e deixem-me continuar a missa.
Beata e Sacristão: mas...mas...
Padre: Mas nada, parem já com isso. Vou provar que é ilusão da cabeça de vocês, principalmente da sua Beata.
Beata: Como o Senhor pretende fazer isso?!
Sacristão: Se for o que eu estou pensando. Na-não fa-faça isso seu Pa-padre.
Padre: Por favor Senhores fieis que estão com esse manto preto, poderiam levantar a cabeça e retira-lo do rosto?!
(os fieis fazem o que o padre pediu)
Beata: Eu não disse?!
(Beata e sacristão vão em direção a porta correndo, e gritando desesperados)
Beata e Sacristão: Cruz credo, Deus me livre, volta pro inferno que é o lugar de vocês, sumam daqui seus defuntos, voltem pra suas covas.
( O padre permanece no mesmo lugar segurando uma cruz com uma mão e fazendo sinal da crus com a outra)
Padre: Idi em paz e que o Senhor vos acompanhe... Idi em paz e que o Senhor vos acompanhe...
(Falando isso pela segunda vez o padre se apavora e vai para baixo da mesa gritando)
Padre: AAAAAAAAAAAAAA...
Caveiras: Nós vamos, mas levaremos o Senhor conosco...
(Os esqueletos vão em direção ao padre que grita apavorado)
Padre: LIVRA-ME DESSES MORTOS MEU DEUS!

Narrador: Com o padre debaixo da mesa, rezando, os esqueletos se viraram e dirigiram-se ao cemitério, as coisas foram se acalmando aos poucos.

Padre: Valha-me Nossa Senhora, será que eu morri e não me dei conta?
(Sai da igreja correndo)

(O narrador aparece, e também é uma caveira)

Narrador: Algumas pessoas dizem não acreditar, outras dizem que viram os esqueletos entrando no cemitério, já eu, bem eu, tenho certeza que é verdade HAHAHAHAHA
(Da uma risada estridente e sai correndo para o cemitério.)


Autora: Talita Mattos
Teatro adaptado de uma lenda de Ouro Preto-MG